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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ÀS VEZES (Alana Pires)

Às vezes te odeio, te desrespeito, te humilho, não te dou valor
Às vezes te amo, te venero, te agradeço e me lambuzo com teu sabor

Às vezes te estaciono, te deixo lado, tento esquecer, não pensar
Às vezes vou à luta, mesmo com cansaço e constato que nada te pode parar

Às vezes me arrependo, penso em que momento foi que te escolhi?
Mas logo me rendo, vejo que foi você quem me escolheu e desse pensamento
Já me arrependi

Às vezes você me abandona, me decepciona, me enfraquece, me diminui
Outro dia você me impressiona, me eleva, me enobrece, me contribui

Às vezes me põe a chorar pela derrota, me sinto morta sem ânimo de levantar
Mas é só chegar o sábado que não resta um pingo daquele marasmo e você vai me alimentar

É o meu vício, minha perdição, meu delírio, meus segredos mais ocultos, meu martírio
É contradição, é paz, o que mais me apraz e satisfaz, é o encontro comigo

Às vezes você me oferece menos do que preciso e eu te xingo, não quero, te piso
Mas nada te mata, só te fortalece e no outro dia você me provoca um riso

Às vezes eu não agüento a desesperança, a desconfiança, e no futuro só vejo insegurança
E reaparece lá do fundo o sentimento escondido que me conforta e me faz sentir criança

Você vem e me rouba a adolescência, me priva de várias experiências
E depois me presenteia com conquistas, com paisagens lindas e sonhos de novas vivências

Surge sem te convidar e tira a minha ingenuidade, minha inocência e testa a minha pureza
Imprime em mim uma nova consciência, faz mil testes de resistência e mostra sua outra face
A dureza

E sou tomada pelo pessimismo, nunca tive paciência, desisto
Não admito o clichê de que tudo dará certo no final, e me exalto, me irrito

E logo aparece mais uma novidade, mais uma promessa, um novo horizonte se abre
E lá vou eu de novo, renovar o pacto contigo

Num dia você me sacode, me quer esnobe, racional, superficial e me mostra sua realidade
E quando chega o dia você me chama e me leva a navegar nas águas das suas emoções
E me encontrar com a minha verdade

Às vezes você é “sim”, às vezes é “não”, às vezes “talvez”
E eu fico aqui entre o passado, o presente e o futuro à espera da minha vez

Não sei o que vai fazer comigo, se vai me recompensar, me glorificar, me dar títulos
Só não quero mais criar expectativas, pois posso ficar na chuva ou ganhar abrigo

Não há como voltar atrás, não há como saber o que virá
A única certeza que tenho, num momento amigos no outro inimigos
É de que eu sempre estarei contigo e você comigo